| 27 maio 2013
Diálogo e tolerância são essenciais para lidar com vizinhos barulhentos
A não ser que você more em um sítio, com um vasto quintal envolvendo seu terreno, o contato com vizinhos é inevitável. Na cidade, seja vivendo em uma casa ou em um apartamento, a presença do outro é constante e os ruídos produzidos por ele, muitas vezes, são um problema. “É preciso pensar que o […]
A não ser que você more em um sítio, com um vasto quintal envolvendo seu terreno, o contato com vizinhos é inevitável. Na cidade, seja vivendo em uma casa ou em um apartamento, a presença do outro é constante e os ruídos produzidos por ele, muitas vezes, são um problema.
“É preciso pensar que o inferno que causo para o meu vizinho hoje pode ser causado a mim amanhã”, diz o advogado Michel Rosenthal Wagner, membro técnico do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo). “Mais do que o bom senso, temos que ter cuidado. Precisamos nos preocupar com o barulho que estamos produzindo, seja com uma construção ou com o liquidificador “, afirma.
Gentileza e tolerância
Para que a relação com quem mora ao lado seja harmônica, vale a máxima de que a liberdade de um termina onde começa a do outro. Respeitar o espaço alheio, no entanto, tem se tornado cada vez mais difícil. “A vida urbana, a violência e o estresse aos quais as pessoas são submetidas fazem com que elas estejam mais sensíveis e intolerantes”, diz a antropóloga Lucia Eilbaum, pesquisadora do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Quando fazia pesquisas sobre brigas entre vizinhos, a psicóloga Lídia Levy, professora da PUC – RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), se deparou com um episódio em que um homem bateu furioso na porta de seu vizinho para reclamar do barulho de um passarinho. “É lógico que ele devia estar em um dia ruim e o passarinho já deveria estar cantando desde cedo. Mas ele esmurrou a porta do outro e tudo acabou em uma briga de socos. Isso foi parar na justiça em busca de alguém que mediasse o direito de cada um: o de não ser incomodado pelo passarinho e o de o passarinho poder cantar à vontade”, diz. Para a psicóloga, a busca por uma autoridade externa que solucione o problema também é reflexo do desgaste das relações cotidianas.
Seja o barulho o de um animal de estimação ou de uma festa, os especialistas recomendam que sempre se busque o diálogo para tentar resolver a situação. Por mais estressante que sejam as circunstâncias, é preciso ter calma e respirar fundo antes de perder a cabeça e comprar uma briga com alguém com quem você será obrigado a conviver por um bom tempo. “Se você acredita no ser humano, na capacidade do outro de entender, você vai bater na porta dele para conversar e espera que ele te escute”, afirma Lídia. E, claro, nós também devemos ficar atentos para não permitir que os nossos barulhos cotidianos se tornem um incômodo para quem está em volta.
Em situações atípicas, como festas e obras, a simples preocupação de informar seus vizinhos previamente e pedir desculpas pelo incômodo pode prevenir um conflito. Se o morador ao lado teve essa preocupação com o seu bem-estar, cabe a você tentar exercer a tolerância com os ruídos. “Às vezes o barulho incomoda, mas você tolera, porque a pessoa se preocupou em avisar, em gerar uma relação mais harmoniosa”, diz Lucia.
Multa nem sempre é solução
Tentar solucionar o conflito com aplicação de multas dificilmente traz bons resultados. “Essa postura de pagar pelo transtorno é muito equivocada. No trânsito isso só mudou quando, além da multa, você começou a marcar pontos e ter a possibilidade de perder a carta. Nos condomínios, o máximo que poderia acontecer seria você ser convidado a se retirar. Mas a lei brasileira não permite isso”, explica o advogado Rosenthal Wagner.
Segundo a engenheira Simone Cretton, especialista em Justiça Criminal e Segurança Pública, os funcionários do Disque Barulho (programa da prefeitura do Rio de Janeiro) reclamam de não conseguirem resolver os problemas. Em um estudo das práticas dos funcionários do programa, Simone notou a frequente queixa de que as pessoas não pagavam as multas. “O conflito de vizinhança provoca e alimenta demandas que estão relacionadas a maneiras modernas de se viver e conviver nas cidades. Quem já não ouviu a máxima ‘os incomodados que se mudem’? Essa mentalidade é muito enraizada na nossa sociedade”, afirma Simone.
Para a antropóloga Lucia, envolver a polícia ou o judiciário para resolver esses conflitos nem sempre é a melhor ideia. “Você pune, reprime, mas muitas vezes não resolve a situação. Chegar a uma forma que seja razoável para cada uma das partes pode ser mais efetivo”, diz ela.
Fonte: Mulher UOL
A não ser que você more em um sítio, com um vasto quintal envolvendo seu terreno, o contato com vizinhos é inevitável. Na cidade, seja vivendo em uma casa ou em um apartamento, a presença do outro é constante e os ruídos produzidos por ele, muitas vezes, são um problema. “É preciso pensar que o […]
A não ser que você more em um sítio, com um vasto quintal envolvendo seu terreno, o contato com vizinhos é inevitável. Na cidade, seja vivendo em uma casa ou em um apartamento, a presença do outro é constante e os ruídos produzidos por ele, muitas vezes, são um problema.
“É preciso pensar que o inferno que causo para o meu vizinho hoje pode ser causado a mim amanhã”, diz o advogado Michel Rosenthal Wagner, membro técnico do Secovi (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo). “Mais do que o bom senso, temos que ter cuidado. Precisamos nos preocupar com o barulho que estamos produzindo, seja com uma construção ou com o liquidificador “, afirma.
Gentileza e tolerância
Para que a relação com quem mora ao lado seja harmônica, vale a máxima de que a liberdade de um termina onde começa a do outro. Respeitar o espaço alheio, no entanto, tem se tornado cada vez mais difícil. “A vida urbana, a violência e o estresse aos quais as pessoas são submetidas fazem com que elas estejam mais sensíveis e intolerantes”, diz a antropóloga Lucia Eilbaum, pesquisadora do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Quando fazia pesquisas sobre brigas entre vizinhos, a psicóloga Lídia Levy, professora da PUC – RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), se deparou com um episódio em que um homem bateu furioso na porta de seu vizinho para reclamar do barulho de um passarinho. “É lógico que ele devia estar em um dia ruim e o passarinho já deveria estar cantando desde cedo. Mas ele esmurrou a porta do outro e tudo acabou em uma briga de socos. Isso foi parar na justiça em busca de alguém que mediasse o direito de cada um: o de não ser incomodado pelo passarinho e o de o passarinho poder cantar à vontade”, diz. Para a psicóloga, a busca por uma autoridade externa que solucione o problema também é reflexo do desgaste das relações cotidianas.
Seja o barulho o de um animal de estimação ou de uma festa, os especialistas recomendam que sempre se busque o diálogo para tentar resolver a situação. Por mais estressante que sejam as circunstâncias, é preciso ter calma e respirar fundo antes de perder a cabeça e comprar uma briga com alguém com quem você será obrigado a conviver por um bom tempo. “Se você acredita no ser humano, na capacidade do outro de entender, você vai bater na porta dele para conversar e espera que ele te escute”, afirma Lídia. E, claro, nós também devemos ficar atentos para não permitir que os nossos barulhos cotidianos se tornem um incômodo para quem está em volta.
Em situações atípicas, como festas e obras, a simples preocupação de informar seus vizinhos previamente e pedir desculpas pelo incômodo pode prevenir um conflito. Se o morador ao lado teve essa preocupação com o seu bem-estar, cabe a você tentar exercer a tolerância com os ruídos. “Às vezes o barulho incomoda, mas você tolera, porque a pessoa se preocupou em avisar, em gerar uma relação mais harmoniosa”, diz Lucia.
Multa nem sempre é solução
Tentar solucionar o conflito com aplicação de multas dificilmente traz bons resultados. “Essa postura de pagar pelo transtorno é muito equivocada. No trânsito isso só mudou quando, além da multa, você começou a marcar pontos e ter a possibilidade de perder a carta. Nos condomínios, o máximo que poderia acontecer seria você ser convidado a se retirar. Mas a lei brasileira não permite isso”, explica o advogado Rosenthal Wagner.
Segundo a engenheira Simone Cretton, especialista em Justiça Criminal e Segurança Pública, os funcionários do Disque Barulho (programa da prefeitura do Rio de Janeiro) reclamam de não conseguirem resolver os problemas. Em um estudo das práticas dos funcionários do programa, Simone notou a frequente queixa de que as pessoas não pagavam as multas. “O conflito de vizinhança provoca e alimenta demandas que estão relacionadas a maneiras modernas de se viver e conviver nas cidades. Quem já não ouviu a máxima ‘os incomodados que se mudem’? Essa mentalidade é muito enraizada na nossa sociedade”, afirma Simone.
Para a antropóloga Lucia, envolver a polícia ou o judiciário para resolver esses conflitos nem sempre é a melhor ideia. “Você pune, reprime, mas muitas vezes não resolve a situação. Chegar a uma forma que seja razoável para cada uma das partes pode ser mais efetivo”, diz ela.
Fonte: Mulher UOL